INCOMPLETUDE

14/04/2020

Vocês já repararam que existe por parte da sociedade (mundial) uma "pressão" em ser feliz ou se sentir bem o tempo todo?

Você não pode estar triste e não pode sequer estar normal sem ser taxado de acomodado ou "estar na zona de conforto". Mas mostra principalmente neste momento em que estamos vivendo, o isolamento social, como as pessoas ainda não tinham parado para pensar sobre o assunto, como isso ainda é pouco falado, como ainda hoje a saúde mental acaba sendo deixada de lado. Falar sobre saúde mental IMPORTA DEMAIS e eu vou sempre defender isso.

A pessoa que se dispõe a iniciar, mergulhar no processo do autochecimento, precisa entender que ela tem que encarar seus medos, seus anseios, seus desejos, suas potencialidades e seus limites.

Para tanto, pegarei como exemplo a mesma inscrição que Sócrates pegou na entrada do templo de Delfos como inspiração para construir sua filosofia: Conhece-te a ti mesmo!

A busca do autoconhecimento nos leva a enxergar a nossa incompletude, as nossas faltas, e mais, que já passamos por isso em alguma fase de nossas vidas, assim como iremos continuar passando a todo o tempo.

E aí, começam os questionamentos... quem somos, qual o nosso lugar no mundo?

Ah vai, fala a verdade, quem nunca se sentiu perdido, procurando entender qual sua missão nesse mundo? Eu já me senti assim milhares de vezes em diferentes etapas da minha vida.

Essa falta, essa incompletude é algo inerente ao ser humano.

É estranho imaginarmos que, mesmo adultos, sentimos como se nos faltasse um pedaço, algo que não veio junto conosco.

É uma espécie de "buraco", que se transforma em inquietação, insatisfação, num vazio permanente que nos acompanha nos anos de infância, adolescência, vida adulta, maturidade e velhice... e não desaparece nunca. Não importa quanto sucesso, ou fama, ou dinheiro, ou amor, ou o que mais uma pessoa tenha. Sempre faltará algo, nesta nossa busca chamada "vida"!

Como dizia Jacques Lacan e acredito que por isso me tornei Lacaniana... "Somos seres desejantes destinados a incompletude, e é isso que nos faz caminhar".

Ou seja, o ser humano é um ser de falta!

Às vezes me da imprensão quesomos preparados e incentivados a sermos dissimulados, produtivos e silenciosamente infelizes. É uma pressão tão grande em ser e estar motivado o tempo todo que as pessoas vão se apegando a qualquer migalha de positividade que é jogada para elas.

À medida que descobrimos o universo ao redor e também a nós mesmos, percebemos que as relações interpessoais são muito mais complexas e delicadas do que pensávamos e que a felicidade quase sempre está dentro de nós mesmos e não no outro. Uma prova de que a liberdade é o maior bem que podemos possuir.

Como explicar a sensação humana de incompletude?

Essa não é uma pergunta nada simples, nem para ser respondida em um simples texto como esse, o processo de autoconhecimento, de análise, é um percurso, porém podemos começar a plantar uma sementinha que nos leve a pensar em quanto acreditarmos em nós próprios, independente de termos "uma parte que nos complete" seja o desabrochar de uma linda flor. 

Patricia Perez - Psicóloga - CRP 5/52405

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