PASSARINHO

11/04/2019


Deixar cair as penas
e ter que traçar novas rotas
eu aprendo
com sufoco.

Alguns ninhos distantes
já não existem mais
e com a tristeza do seu desmorono
atravancam meu voar.

É que as pessoas são muito
temporárias
ninguém parece estar aqui
ou ali
ou em qualquer lugar
ou em lugar nenhum
eles só se acomodam
onde for tempo de se acomodar
sem luta.

E eu posso arrumar as palavras
ajeitar as letras
fazer arte
mas eles ainda passarão.

Sofro na mão dos efêmeros 
por minha perenidade tamanha
que a maldade do mundo
não me fez desfazer
sou poeta
não aprendi a amar
mas também não desaprendi a ser
e não ei de me desculpar
a intensidade é um privilégio.

E eu, passarinho!

Isadora Nery (Aidorothy)

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